Canteiro de obras com diferentes especialistas debatendo em torno de mesa digital, equipamentos modernos, e gráficos de produtividade ao fundo
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Já parou para pensar no tamanho do desafio que a construção civil terá até 2040? Quando mergulho nos estudos globais do setor, percebo imediatamente que não estamos falando só de obras, casas e estradas. Falamos de infraestrutura, habitação, hospitais e, claro, do nosso protagonismo em zerar as emissões até 2050.

Entre dados, conversas com colegas e experiências do dia-a-dia, vejo um cenário de oportunidades, mas também de limitações que, se não encaradas de frente, podem nos afastar das metas globais. O setor pode saltar de US$ 13 trilhões para US$ 22 trilhões em 2040, exigindo um crescimento médio anual de 3,2% – e fora da China, esse ritmo terá que ser praticamente o dobro do que foi nas últimas duas décadas segundo dados da CBIC. Mas onde está o gargalo?

Mais trabalhadores não bastam. O problema pede outra solução.

O cenário atual: progresso lento, demanda crescente

Confesso que cada vez que olho para o retrato da produtividade na nossa área, sinto aquele incômodo. Entre 2000 e 2022, a construção global cresceu míseros 10% nesse aspecto. Pouco mais de 0,4% ao ano. Para comparar: a economia como um todo cresceu 50% e a manufatura, incríveis 90%. Mais assustador: entre 2020 e 2022, houve queda de 8% na produtividade. Nos EUA, a situação piorou dois pontos percentuais ao ano e, na Europa, os custos de construção subiram 36% entre 2015 e 2023 (e nos EUA, 52% nas obras não residenciais) conforme análises da indústria.

Pouca produtividade e custos subindo sem parar. É a tempestade perfeita.

Trabalhadores a menos, desafio a mais

Sei bem que existe certo mito: coloque mais gente no canteiro e a entrega acontece. Mas é só mito mesmo. A construção já emprega 8% da força de trabalho global e, ainda assim, lidamos com um emaranhado de problemas, como disputa feroz por talentos e aposentadoria em massa dos mais experientes. Nos EUA, 41% do pessoal pré-2020 deve se aposentar até 2031. No Reino Unido, cerca de um quarto da força de trabalho pode sair em até 15 anos. Contratar gente sem experiência só afunda mais o resultado—e os dados provam isso. Em projetos industriais americanos, produtividade foi 40% menor e prazos 25% maiores quando faltou gente capacitada.

Dois futuros à nossa frente

Se continuar no ritmo de hoje, com baixa produtividade, a construção vai chegar em 2040 com um déficit de US$ 40 trilhões em produção. Mas se conseguirmos aumentar essa média anual em 1% e, ao mesmo tempo, empurrar a força de trabalho ao máximo, é possível atingir a demanda. Nunca ficou tão claro: precisamos agir agora.

O impacto disso se vê nas ruas e nas notícias. Quantos projetos de infraestrutura, habitação, escolas ou fábricas de energia limpa você já não viu sendo adiados por falta de equipe qualificada? Lembro de acompanhar o caso da fábrica de semicondutores no Arizona, um investimento de US$ 40 bilhões parado pela ausência de mão de obra especializada. Não é exceção. Pode ser só o começo se nada mudar.

Obra moderna com trabalhadores e robôs lado a lado, mostrando dificuldades no canteiro

7 barreiras para atender à demanda global

Ao longo desses anos, vi que as dificuldades se repetem. E consegui listar as principais que bloqueiam nosso avanço:

  1. Lenta adoção de tecnologia Gastos com TI ainda são menores que 1% da receita em média. O que de fato mudou? Ferramentas de controle, monitoramento e gestão de documentos digitais (como BIM) até avançaram, mas para a maioria dos profissionais, pouco alterou a rotina. Pré-fabricação é promessa, mas está longe da escala necessária. E muitas dessas tecnologias ainda deixam de impactar diretamente o que importa no dia a dia do canteiro.
  2. Dificuldade para escalar inovação entre projetos Projetos são únicos, cada equipe segue seu ritmo, gestores priorizam a entrega “dentro” do orçamento, e iniciativas que poderiam transformar o padrão acabam engessadas. Vi empresas tropeçarem justamente ao tentar padronizar métodos de sucesso.
  3. Ganho capturado por outros segmentos Quando há melhoria, muitas vezes o resultado é repassado adiante para fornecedores ou clientes, espremendo as margens extremamente finas das construtoras. Após 2008, o retorno global sobre capital caiu meio ponto percentual. Enquanto isso, fornecedores de produtos avançaram 9,2 pontos.
  4. Margens apertadas e contratos arriscados Licitações são pressionadas, contratos tipo “lump sum” (valor fixo) subestimam riscos, principalmente em projetos brownfield (que subiram de 13% para 22% do total entre 2012 e 2022, com margens até 40% menores que os projetos greenfield). Um erro e o orçamento estoura.
  5. Mercado de trabalho apertado Escassez de gente experiente obriga contratação de iniciantes e temporários. Resultado? Baixa performance, alta rotatividade e prazos estendidos.
  6. Foco excessivo no prazo, pouco na performance Para muitos, o medo do atraso fala mais alto que a preocupação com custos crescentes de mão de obra. Assim, mudanças profundas internas são deixadas de lado, mesmo que pudessem trazer ganhos reais.
  7. Retorno frágil dos investimentos em mudança Se a empresa investe em treinamento ou processos melhores, há sempre o risco de esse ganho não ficar ali. O ciclo reforça a cultura de acomodação.

Se você se interessa por temas como planejamento robusto, integração entre engenheiros, orçamentistas e especialistas em qualidade, recomendo conferir a discussão sobre os 5 erros que comprometem obras ou navegar na categoria de planejamento do nosso blog.

Caminho para virar o jogo: a chance do agora

Apesar do quadro, acredito muito nas oportunidades. Não só para empresas, mas para cidades e para a população toda. Equipes bem montadas, planejamento bem feito, menos transições inúteis, treinamentos práticos. São ajustes simples e possíveis.

Mas as mudanças profundas vão além. É preciso medir avanço pelo que se produz, não só pelo que se consumiu. O setor pode se beneficiar ao adotar métricas mais proativas, fortalecer fornecedores, investir num treinamento alinhado à prática, e, principalmente, escalar iniciativas já testadas para além do projeto individual. É aqui que soluções como a Plataforma Simia se conectam, trazendo debates estruturados, integração real das diferentes áreas técnicas e relatórios que cortam caminhos para decisões em minutos. O resultado? Menos reuniões, menos retrabalho, decisões mais assertivas e, claro, obras entregues dentro do prazo.

Profissionais da construção civil em um debate multidisciplinar com inteligência artificial

Se você busca aprofundar mais as causas do cenário atual, tem um artigo interessante sobre 7 falhas de controle que aumentam custos nas obras. Ou ainda, mergulhar em debates de engenharia na categoria específica de engenharia ou construir uma visão mais ampla acessando os debates multidisciplinares da Plataforma Simia.

No fim, superar todas essas barreiras não é apenas uma missão do setor – é uma chance real de ganho compartilhado, para empresas, cidades, para todas as famílias que dependem dos frutos de nossa construção. Pronto para construir o futuro junto? Conheça melhor como a Plataforma Simia pode ajudar sua empresa ou projeto a alcançar o próximo patamar. Aproveite para visitar também nossa categoria de construção e inicie a transformação.

Perguntas frequentes

Quais são as principais barreiras da construção civil?

Na minha visão, as principais barreiras estão na lenta adoção de tecnologias focadas no canteiro, dificuldades em escalar inovações entre projetos, margens financeiras estreitas, contratos arriscados, escassez de profissionais experientes, alto foco nos prazos (em vez do desempenho real) e na complexidade de reter ganhos reais vindos de qualquer mudança. São obstáculos que exigem estratégia e ação conjunta.

Como será a construção civil em 2040?

Se nada mudar, chegaremos em 2040 com um déficit global de US$ 40 trilhões na produção. Mas, se conseguirmos elevar o desempenho dos times e explorar melhor a tecnologia, temos chance de acompanhar a demanda, entregando mais infraestrutura, moradias, hospitais e até energia limpa para a sociedade.

Quais tecnologias podem revolucionar o setor?

Acredito que soluções que integram informações entre áreas, como BIM, gestão digital de documentos e plataformas de debate técnico com IA desenvolvida especialmente para o setor (exemplo da Plataforma Simia), podem transformar para melhor. O impacto real virá quando o uso delas migrar do “controle” para a tomada de decisão prática no canteiro.

É possível resolver a falta de mão de obra?

Resolvi dizer que só aumentar a contratação não basta. O setor é grande empregador e, cada vez mais, disputa talentos com outros segmentos. O caminho passa por treinamento específico, retenção dos experientes, menos rotatividade e adoção de inovação para que os times trabalhem melhor, não apenas em maior número.

Como a sustentabilidade impacta a construção civil?

Sustentabilidade já não é mais opção, é meta obrigatória, especialmente com a pressão para zerar emissões até 2050. A construção tem papel decisivo nisso, pois responde por boa parte do consumo de materiais, energia e geração de resíduos. Inovar e entregar mais com menos impacto ambiental será diferencial para o setor e para o planeta.

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